A Residência para Coletivos acontece desde 2015 na Casa do Povo com o objetivo de apoiar iniciativas coletivas e experimentais. A edição de 2023 acontece em parceria com JA.CA – Centro de Arte e Tecnologia, ampliando as opções de cidades para a realização da residência: São Paulo ou Belo Horizonte.
COMO FUNCIONA?
Convidamos qualquer forma de agenciamento coletivo que se entende atravessado por práticas artísticas a enviar suas propostas para uma residência com duração de 3 meses — de março a maio de 2023. Serão selecionadas 2 propostas — uma para São Paulo e outra para Belo Horizonte. Os dois coletivos selecionados receberão um prêmio de R$ 20.000,00 (cada) para a realização da proposta.
FAÇA O QUE VOCÊ JÁ FAZ!
Sabemos que os editais formatam as práticas artísticas e, por vezes, acabam por precarizar o proponente, demandando um trabalho extenso, invisível e não reconhecido. Não esperamos projetos fechados, mas sim propostas instigantes e experimentais que não levem os grupos a desviar de suas práticas. Sugerimos que os inscritos sigam fazendo o que já vêm desenvolvendo como coletivo. Recomendamos escrever de maneira simples e direta, como se estivessem contando para alguém próximo, propostas que podem ser ideias em construção e/ou exercícios de imaginação a ser experimentados nos espaços da Casa do Povo, em São Paulo, ou do JA.CA, em Belo Horizonte. Com isso, procuramos incentivar práticas coletivas existentes e autônomas (independente de apoios institucionais ou governamentais), e que podem ser incentivadas e potencializadas por essa residência.
RESULTADO DA CHAMADA ABERTA
Agradecemos a todos os coletivos que se inscreveram na chamada da Residência para Coletivos, realizada desde 2015 pela Casa do Povo (SP) e que nessa edição foi desenvolvida em parceria com o JA.CA (BH). Recebemos um total de 158 propostas e tivemos a difícil tarefa de selecionar apenas duas. A diversidade de propostas, abrangendo diferentes cidades, contextos e práticas, ampliaram o entendimento da Casa do Povo e dos jurados sobre as formas de fazer coletivo. Por isso, nosso muito obrigada!
AVALIAÇÃO
A tomada de decisão foi balizada por uma série de critérios em comum acordo entre os membros do júri e em conformidade com o texto da chamada. Procuramos projetos experimentais — não totalmente resolvidos e que teriam, por exemplo, dificuldade de se enquadrar em editais — e arriscados, valorizando os processos em detrimento dos resultados.
A seleção olhou para a maneira como cada proposta entende a noção de coletividade, que dá sentido a essa residência, e também para a possibilidade de trabalhar de forma trans (ou extra) disciplinar, compreendendo o artístico como um elemento que pode atravessar diferentes práticas e campos do saber. Além disso, foi levado em consideração a pertinência e sintonia
entre as propostas e a atuação dos espaços da Casa do Povo e do JA.CA: por um lado, estabelecendo conexões e diálogos potentes com as práticas já existentes, e por outro, procurando valorizar ideias e práticas novas, que possam tensionar os repertórios desses mesmos espaços.
O júri foi formado por membros da Casa do Povo, do JA.CA, integrantes do Povo da Casa (grupos que usam a Casa do Povo de forma regular) e de coletivos que foram contemplados em edições passadas. Essas pessoas são:
• Caio Lescher, Casa do Povo
• Daniela Pinheiro, MEXA
• Fernando Lufer, Legítima Defesa
• Francesca Tedeschi, Casa do Povo
• Francisca Caporali, JA.CA
• Joseane Jorge, Cozinha Kombinada
• Renato Cymbalista, FICA
• Samantha Moreira, JA.CA
PROPOSTAS SELECIONADAS
➜ Function FM
(Residência no JA.CA em Belo Horizonte)
Uma rádio online independente mineira que surgiu na década de 2010 como resultado da primeira edição do Contato Virtual, festival em prol da luta contra o HIV. Com mais de 30 colaboradores e uma grade semanal em crescimento, a proposta da Function FM é disseminar a cultura da música eletrônica de forma interdimensional, buscando democratizar o acesso à música e à cena underground. A rádio atua a partir do desenvolvimento de projetos culturais, sonoros, artísticos e informacionais, entre eles, DJ sets, transmissões ao vivo, podcasts, textos e outras intervenções audiovisuais. Pretendem viabilizar, no tempo da residência, um espaço físico aberto de troca e aprendizagem e diálogo com a região, além das transmissões online, se valendo da música e do mundo da discotecagem como meio para pautar um pedagogia propositiva, dinâmica e cultural.
➜ Agroecologia sem Plástico
(Residência na Casa do Povo em São Paulo)
Um grupo de estudo flutuante que pesquisa o desenvolvimento de embalagens compostáveis e sem plástico para a rede agroecológica de São Paulo. A pesquisa parte da experimentação com materiais naturais, levando em conta suas características e possibilidades, para o desenvolvimento de metodologias próprias. O coletivo pretende usar o espaço da residência como laboratório para desenvolvimento de experimentos, oficinas e fabricação, envolvendo o próprio ecossistema da Casa do Povo como forma de testar e aperfeiçoar a implementação das embalagens alternativas produzidas.