COLA: jogo da memória sonoro

COLA: jogo da memória sonoro




Nesta oficina, os artistas Félix Blume e Sara Lana produziram, junto com as crianças inscritas, um jogo da memória sonoro. Essa proposta partiu de uma adaptação do típico jogo da memória em que as imagens foram substituídas pelos sons. Ao todo foram quatro encontros para a confecção do jogo: no primeiro dia foram realizados exercícios de escuta e percepção de paisagens sonoras no bairro Jardim Canadá; no segundo, com a ajuda de equipamentos de gravação, foi feita a captação dos sons na vizinhança; no terceiro dia, a partir de uma pequena introdução sobre componentes eletrônicos, foram montados os circuitos de acionamento de som dentro das caixinhas sonoras; e no quarto e último dia, todas as caixinhas foram levadas para a praça do bairro e o jogo foi testado. O jogo continha a mesma mecânica de um jogo da memória: ao virar uma caixinha, um som era reproduzido e, logo em seguida, virava-se outra caixinha para tentar achar seu par sonoro. 



O texto que segue apresenta uma conversa realizada em meio online no dia 28/11/2022 entre  André Siqueira (Micrópolis), Felix Blume e Sara Lana. O encontro foi gravado e depois a conversa foi transcrita e editada.

André: Para começar a nossa conversa, eu gostaria de saber como surgiu a ideia da Oficina do Jogo da Memória Sonoro.

Félix: Essa oficina tem como ideia pensar a escuta, pensar o som de uma forma lúdica. É um convite à escuta do entorno, dos sons que são parte do cotidiano das crianças e dos lugares onde elas vivem. Normalmente, o jogo da memória é centrado na imagem, porém, nessa oficina, a ideia do jogo é centrar no som. Eu acho que esse foi o ponto de partida. 

Sara: Além disso, esse jogo se materializa também com uma estrutura física de eletrônica.E isso também está dentro da lógica da oficina. A oficina tem um primeiro  momento que é o cerne do projeto, que é o momento de escuta, e gravação e aprendizagem de gravação. Mas tem também esse momento em que o jogo é de fato montado,  e isso envolve  uma pequena introdução de eletrônica, de montagem des próprias peças, de circuitos, até, enfim, a gente poder jogar. 

A: Essa foi a primeira oficina que vocês deram juntos, ou vocês já tinham trabalhado juntos outras vezes?

F: Já tivemos a oportunidade de trabalhar juntos em vários projetos. Seja um projeto da Sara que eu ajudo a realizar, ou projeto meu em que ela me ajuda, ou projeto mesmo projetos juntos, como foi o caso da peça sonora Mutt Dogs, em que colocamos microfones sobre cães vira-lata que habitam o Jardim Canadá., Nós também já fizemos juntos projetos que envolvem oficinas, como foi o caso da oficina que ofertamos para pessoas cegas, Chile. A maioria dessas oficinas são voltadas a um projeto específico que depois se materializa. A oficina é uma parte do projeto, a ideia é mais como fazer algo juntos, como criar algo juntos. Essa própria oficina do jogo da memória fizemos no ano passado, no sul da França, com uma escola de lá.

A: O som está muito presente no trabalho de vocês. Queria que vocês falassem um pouco desses processos de aprendizagem que surgem quando a gente troca a imagem pelo som. No caso do jogo da memória, acho que isso era uma questão central, já que a gente tem mais costume de ver o jogo da memória visual. O que muda quando trocamos a imagem pelo som?

S: A gente tem uma tendência de ter vícios visuais muito evidentes. . De fato, a imagem é a mídia em que a gente tem mais vício, devido à nossa exposição frequente às telas. E, apesar do som estar presente o tempo inteiro nas nossas vidas, nem sempre estamos atentos a esse entorno sonoro. Então, o foco dessa atividade é suprimir a imagem e tentar trazer o som como foco.

F: Sim, eu acho que a escuta é algo que estamos usando o tempo todo. Nossas orelhas não podem se fechar. Então ouvindo todo o tempo, mas nem sempre estamos prestando atenção, porque tem tanta informação visual, que essa vai tomar o papel protagonista. Se eu pensar que também tenho orelhas que posso usar para escutar, para ouvir e fazer perguntas básicas como: quais são os sons característicos de um determinado lugar? Quais sons representam o cotidiano, a vida? Quais sons são importantes, por que são agradáveis, ou por que não são?”, são muitas perguntas que as pessoas não se fazem. E não é que minhas orelhas são melhores que as suas, nós temos essas orelhas aqui mas não estamos usando tanto para essa escuta. Estamos ouvindo muito, mas nem sempre escutando. Então, a proposta do jogo é  levar a essa escuta. No final, o jogo é só um pretexto. É claro, a oficina tem várias etapas, como essa parte de eletrônica, essa parte da construção coletiva, e outras várias possíveis frentes de interesse do jogo. Mas acho que é importante essa parte de levar à escuta do entorno. E levando à escuta do entorno,  podemos ir além do som. Escutar o entorno também é tomar consciência de seu vizinho que está morando do lado, ou dessas pessoas que estão na rua, ou dos outros seres vivos que estão ao nosso redor. 

S: Pode ser legal, nessa perspectiva, retomar o processo da oficina. Antes de gravar, de pôr a mão na massa para montar jogo, a primeira etapa é sempre esse momento da escuta. E muitas vezes, a partir desse apelo de evitar o protagonismo da imagem, como o Félix comentou, a gente usa vendas, que é uma coisa que o Félix também usa muito em outras oficinas. Acho fundamental essa abertura para a escuta de fato, para além de apenas ouvir. 

A: O momento de vendar os olhos foi realmente muito interessante, porque foi um dos primeiros momentos e, pelo menos de fora, foi possível ver que as crianças entraram numa imersão. Ficaram meio perdidas, apenas direcionadas pelo som. Depois, houve um momento que envolveu desenho e escuta, que foi interessante também. Como vocês acham que essa escuta também pode despertar a imaginação?

F: Eu acho que o som tem essa vantagem de estimular o  imaginário das pessoas. É um pouco o que acontece quando você lê um livro. Tem a descrição de um lugar, dos personagens, mas você não os vê. E o fato de não ver, faz você mesmo criar esse imaginário visual. O legal é que esse imaginário visual vai ser diferente para cada uma das pessoas. Você vai ter um imaginário, a criança outro imaginário… Acho que o som tem o poder muito forte de criar imaginários. O fato de não ver permite que cada um faça o seu próprio mundo, sua própria cena. Pedir para elas desenharem é uma forma de compartilhar esses imaginários que vão ser singulares.

S: Acho que tem uma abertura para a subjetividade de cada um. Durante a escuta ou a leitura, como  é o caso da referência que o Félix trouxe, cada um vai se atentar mais a um detalhe que a outro.. E eu acho que na oficina, esses momentos dos desenhos revela muito essa diversidade,, o que é muito legal.

F: O visual tem essa coisa, se você vê uma imagem de um burro, todo mundo vê o mesmo burro. Se você ouve o som de um burro, cada um vai ter um imaginário próprio do burro. Uma pessoa imagina um burro grande, outra um burro pequeno, já outra vai ouvir outro animal que não é o burro. E acho que isso é interessante, pois não estamos chegando com uma verdade, mas estamos abrindo possibilidades. E não é que um imaginário seja falso e outro correto. Cada um é válido, cada um funciona, cada um é diferente. A diferença que é interessante, essa singularidade sensitiva das crianças.

S: A gente fez várias etapas de desenho, mas na oficina tem um momento em que a gente escuta a peça dos Mutt Doggs, que realizamos no JACA, como eu mencionei mais cedo. E ali não é um frame, como seria numa fotografia. É uma janela de tempo, você ouve vários momentos, várias situações que acontecem durante a peça. Acho que isso também deu uma riqueza para esse momento do desenho. E outra coisa é que nessa peça tinham vários sons que já faziam parte do cotidiano daquelas crianças. O carro do sacolão, algumas coisas que já faziam parte do entorno sonoro delas, e achei legal também ver elas percebendo que a peça se tratava de um som gravado ali, no bairro delas.

F: Outra coisa interessante sobre o som é o tempo. Para ouvir, você precisa de tempo. Você pode olhar cem fotos ou mais em um minuto, dar likes e fazer comentários, tudo isso em um minuto. Mas para ouvir um som, você precisa de tempo. Não dá pra ouvir cem sons em um minuto, quem sabe nem dois sons em um minuto. Um minuto é suficiente para um som às vezes. Então tem essa relação com o tempo, uma coisa que nós estamos perdendo, pois o ritmo da nossa relação com o mundo está muito acelerado.  Dessa forma, estar com os olhos tapados, ouvindo uma peça sonora que dura cinco minutos, é, de certa forma, se deter um pouco.

É interessante também observar a relação do desenho com o tempo. No desenho você não tem relação com o tempo, pois uma folha é 2D. Para contornar esse problema e representar o som ao longo do tempo, alguns participantes trataram de fazer um storyboard, enquanto outros criaram uma paisagem onde todos os elementos estavam juntos. Isso também foi legal, essa relação com o tempo e como essa evolução pode ser representada de formas distintas.

A: Agora eu gostaria de saber como foi o momento de construir o circuito, na parte da eletrônica. Às vezes isso é visto como algo complexo. Como vocês lidam com isso? Vocês perceberam alguma dificuldade das crianças?

S: A eletrônica hoje no mundo é uma caixa preta. A gente não consegue ver nada do que acontece ali nesses circuitos. Cada caixinha do jogo possui um alto-falante, que é esse elemento que apresentamos às crianças e elas facilmente reconhecem. Tem o player do MP3, que é o circuito tocador de áudio, onde a gente coloca um cartão de memória com som que é então executado. Esse circuito a gente compra pronto, não é algo que a gente destrincha no entendimento durante a oficina. Apesar dele estar dentro dessa lógica da caixa preta, é fácil de usar porque ele tem algumas facilidades, como entradas e saídas Tem também a bateria e uma pequena chavinha de mercúrio, que é uma chave que liga o circuito apenas quando ele está na posição vertical. 

A aproximação ao circuito com as crianças foi feita usando, sobretudo, o sistema de bateria, por meio dessa chave que é acionada com o movimento das caixas, acionando o  sistema. Durante o processo, a primeira aproximação foi feita usando LED, porque assim era mais facilmente compreendido pelas crianças. Depois, na hora da montagem, a gente substitui esse LED por um circuito tocador de MP3 conectado ao alto-falante. No mundo em que a gente vive, com eletricidade, interruptores, baterias e alimentações de energia, essa parte acaba sendo  facilmente compreendida pelas crianças, apesar de ter esse componente misterioso e oculto dentro do circuito.

F: Eu acho que essa dificuldade ou facilidade vai também depender muito de cada criança. Vai ter criança que vai ter muito mais interesse na parte do som, da escuta, da gravação. Outras crianças vão ter muito mais interesse na parte da construção, na parte eletrônica, nessa vontade de entender como funcionam esses aparatos. E como a Sara falou, o fato de poder entender como funciona esse aparato dá abertura para entender como funcionam as coisas. Essa parte da construção é importante porque é um momento onde se concretiza a ideia, mas é um pretexto para abordar muitos temas. Mas eu também acho que para as crianças, em alguns dias,  a concretização material de um cubo pode ser importante. Para construir juntos, cada um faz uma coisa: um cubinho, dois cubinhos. Mas no final os cubinhos só têm sentido todos juntos.  Não é uma coisa que cada um está levando para casa, uma lembrancinha. É mais sobre fazer algo juntos, construir juntos esse jogo e, também,  jogar no final.

A: Essa parte da gravação dos sons envolveu tanto a exploração dos fundos ali do JA.CA, mas também os entornos do bairro. Como vocês veem a importância dessas caminhadas para esse trabalho?

F: Acho que o caminhar é importante justamente para se relacionar com o entorno. Algumas crianças conheciam muito bem, e outras menos. É sobre se relacionar com esses lugares, que elas conhecem muito bem ou não, mas através do som, da gravação. Aí tem essa coisa que eles vão com os seus gravadores, vão em dupla, em grupos, e vão pesquisar alguns sons do entorno e prontamente se dão  conta da riqueza de todos os sons que são parte desse lugares. Caminhar é importante para se relacionar com o entorno, e também para questionar esse entorno em termos de escuta, em termos de som.

S: Uma coisa da caminhada que eu notei é que ela começa com as crianças buscando, sobretudo, os elementos que são em si sonoros como, por exemplo, uma buzina. Depois, ao longo da caminhada, elas vão se atentando a outros elementos que possivelmente tem uma riqueza sonora, mas que não tem obviamente essa finalidade.

F: E elas mesmas vão produzindo sons, gerando sons. E acho que nesse caso da oficina no JA.CA tem também a importância de, ao fim, apresentar o jogo no espaço público, onde foi feita a caminhada. Acho que é importante também esse retorno e relação que se cria  com o espaço público.

A: Acho que seria interessante vocês contarem um pouco sobre como foi esse último dia do jogo na praça.

S: Nesse dia a gente montou o jogo e jogou, em um primeiro momento, dentro do espaço do JA.CA. E ali já existe um impacto inicial de ver o jogo, reconhecer os sons, ver quais de fato estão ali, como funciona jogar com os sons que foram escolhidos. E depois, quando a gente foi para apraça, ao mesmo tempo em que teve uma certa dispersão das crianças, teve também um momento em que muitas delas se engajaram em buscar outras pessoas para jogar. Os pais jogaram, chegaram também  outras crianças. Acho que esse momento de convite à comunidade foi o mais forte nesse dia. As crianças ficaram engajadíssimas em apresentar, em jogar, explicar regras.

F: Acho que no momento em que a criança apresentava o jogo para outras pessoas que não conhecem, ela tem que compartilhar essa experiência que viveu nos dias de oficina. Como o jogo foi feito, quais são os sons, como foram gravados… é um momento de compartilhamento dessa experiência, que também é importante no processo da oficina. Não só aprender, mas também compartilhar essa experiência e aprendizado com outras crianças, com os pais, ou com as pessoas que passavam lá por curiosidade. 

A: Qual vocês acham que é a importância de abordar essas relações entre arte, tecnologia e educação com as crianças? 

S: Eu entendo que a tecnologia digital, tal como ela é usada hoje, é um fator incontornável. Acho que tem muita gente no processo de educação de crianças que trata isso como um elemento indesejado ou a se evitar. Eu acho que esse vício na tela é algo que fica muito destacado na presença da tecnologia no mundo dos jovens e crianças. Mas eu acho que é um elemento incontornável. E diante disso, temos duas opções: ou a gente vai de se colocar numa posição de submissão diante dessa tecnologia, ou a gente vai se engajar em aprender e ter um certo domínio sobre ela. Eu acho que é muito importante a gente entender a tecnologia do ponto de vista mais ativo, como possíveis criadores, possíveis hackeadores, como quem  sabe usar esses elementos para projetos na nossa vida ou para usos cotidianos. Eu acho que a arte, a tecnologia e a educação têm uma importância grande no processo de tentar tirar essas coisas dessas caixas pretas, de pôr a mão na massa, saber que é possível ter um certo domínio sobre essas tecnologias. Elas não precisam estar contra a gente, nos usando de marionete, mas a gente também pode ter uma postura ativa e criadora nesse campo. 

F: Eu acho que tem mesmo a ver com essa ideia de criar. Não é tão importante nesses projetos a ideia de aprender alguma coisa, mas sim de abrir horizontes, possibilidades de criação e gerar uma experiência para nós, para as crianças, para as pessoas. E que isso possa abrir os possíveis imaginários para as pessoas imaginarem outras coisas. Essa ideia de só pensar no som, ouvir o som, quem sabe pode abrir outras portas possíveis que elas não imaginavam? Acho que a arte não é uma coisa que está separada da vida, em geral. Não é necessariamente um quadro que está na sala, que está aí fixo, separado do resto. Trabalhamos com o som, trabalhamos com o jogo, e isso se relaciona sim com a arte, mas não como uma coisa que seja separada da vida. Acho que isso pode abrir para as crianças o entendimento de arte e também abrir esse lado criativo, para levá-las a outras coisas. Não é para pensar que vamos fazer mais jogos da memória, mas abrir os panoramas para elas criarem elas mesmas outros imaginários que podem levar a muitos caminhos diferentes.

Também acho interessante que nessas oficinas nós partimos de uma coisa concreta, mas também deixamos muito em aberto também. Cada um pode escolher o som que vai colocar, então cada oficina vai ser diferente. Nunca sabemos como vai terminar o jogo quando começamos a oficina. essa flexibilidade é interessante para as crianças, mas também para nós ou para as pessoas que fazem parte da oficina. Essa coisa de não estar na “certidude”, nem saber exatamente como vão ser as coisas e deixar aberto para levar a caminhos que não necessariamente foram pensados antes. Acho que isso é uma coisa interessante dessa oficina, mas também dos projetos que fazemos juntos. O projeto participativo, colaborativo, essa possibilidade de tomar uma forma que não está necessariamente pensado por ninguém do grupo, mas que se define segundo as pessoas que conformam esse grupo.

Nesses projetos, não necessariamente o resultado é o mais importante. Quem sabe as várias etapas que nos levaram até o jogo são mais importantes que o próprio jogo? Como eu falava, jogo acaba sendo  um pretexto para abordar outros temas. O jogo é só uma etapa da oficina.

S: Mas tem um detalhe sobre o jogo que eu acho que é interessante de destacar Apesar do jogo trabalhar com sons isolados, pouco a pouco esses sons vão se somando. Eles podem ser tocados conjuntamente, à medida que você vai fazendo os pares. Você pode deixar eles virados para cima tocando,, compondo essa paisagem sonora única de cada jogo. 

F: Acho que é a ideia de compor uma paisagem sonora. E nesse caso, estando no mesmo lugar onde foram gravados os sons, ao se reintroduzir os sons nesse  entorno sonoro nos faz  tomar consciência da identidade sonora do lugar. E poder fazer soar o mesmo som dentro do lugar onde foi captado e  poder jogar com dois ou mais sons, ou tudo junto em uma paisagem sonoro muito bagunçada, é ser como um regente da orquestra que faz parte do nosso cotidiano Acho que isso é legal também para tomar consciência da escuta dos sons do nosso lugar.

 


Sara Lana (Belo Horizonte) é artista e desenvolvedora. Seus projetos utilizam principalmente o som a eletrônica e o vídeo como suporte, tendo a ilustração e a cartografia presentes em todo o processo de criação.

Felix Blume (França) é artista sonoro e engenheiro de som. Seu trabalho é focado na escuta e convida-nos a viver a experiências sonoras que possibilitam uma percepção diferente do ambiente.


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