A vida cotidiana nos oferece oportunidades constantes para a ação participativa. Uma das suas formas é com certeza a arte de fermentação. O químico francês Louis Pasteur originalmente definiu estas milagrosas transformações microbianas coletivas como “a respiração sem ar”. Esta arte há muito esquecida deve retornar a Minas Gerais!
É claro que pessoas que sempre viveram em locais de clima tropical não são movidos por certos imperativos sazonais da preservação de alimentos (como ocorre na Polônia, por exemplo), mas a fermentação não é menos importante por aqui. E, de fato, a fermentação tem já seu lugar em Minas, tomando a forma de queijos deliciosos ou de cachaças especialmente perfumadas. Mas pode certamente servir um número maior de pessoas diretamente em suas residências, mediando a situação de consumo de alimentos altamente processados comprados em supermercado e o medo de armazenr qualquer coisa fora da geladeira.
“Reivindicar a nossa comida significa recuperar a comunidade, envolvendo sua interconectividade econômica de especialização e divisão do trabalho, mas em uma escala humana, promovendo uma consciência dos recursos e intercâmbio local.”
A fermentação é importante em Minas não só devido aos seus benefícios probióticos e desintoxicantes, mas acima de tudo por suas características transformadoras. Transformando o velho em novo, o fresco em pré-digerido, o processo de fermentação nos ajuda a tomar medidas para sair da dependência confinadora e infantil do papel do consumidor (usuário), e a tomar de volta a nossa dignidade e poder, nos tornando produtores e criadores.
Estes aspectos trans-formativos fazem da fermentação uma das formas mais mordazes e “culturais” (do latim colere, “cultivar”) de interagir e se engajar com a comida e, logo, com o mundo real. Reivindicar a nossa comida significa recuperar a comunidade, envolvendo sua interconectividade econômica de especialização e divisão do trabalho, mas em uma escala humana, promovendo uma consciência dos recursos e intercâmbio local.
Portanto, fermentar seu próprio alimento é apresentar um protesto eloquente — dos sentidos — contra a homogeneização de sabores e experiências alimentares, que agora rolam como um grande e indefinido gramado por todo o globo. É também uma declaração de independência de uma economia que nos deseja cada vez mais consumidores passivos de suas mercadorias, em vez de criadores de produtos originais e expressivos de nós mesmos e dos lugares onde vivemos.
Seus picles, vinhos de frutas, conservas, chucrutes e muitos outros produtos não serão como o do vizinho ou o de qualquer outra pessoa. Venha e veja como transformar seus hábitos dietéticos e econômicos!
O que: WORKSHOP EM FERMENTAÇÃO DE VEGETAIS
com Krzysztof Gutfranski
Quando: Sexta, 14 de agosto, 15:00
Onde: JA.CA CENTRO DE ARTE E TECNOLOGIA
Rua Vitória, 886 – Jardim Canadá – Nova Lima/MG
www.jaca.center/como-chegar/