Aberta a visitações no dia 30 de novembro, a exposição da Residência 2013 foi montada no espaço utilizado como ateliê coletivo e apresentou registros textuais, desenhos, fotografias e vídeos do processo de desenvolvimento dos projetos e os resultados das experimentações dos residentes.
beto schwafaty: Por meio de pesquisas em diferentes arquivos e locais/cidades (Pampulha, Ouro Preto, Museu Abílio Barreto, Arquivo Público Mineiro, Casa JK, entre outros), o artista investigou uma possível continuidade –fictícia ou real –entre o barroco e o modernismo. O “resultado” é formalizado em texto e fotos. Sobre seu trabalho, Beto comenta que “O [arquiteto suíço] Max Bill já havia feito uma crítica ao modernismo brasileiro como sendo uma arquitetura elitista e de poder, contrária à proposta original; numa certa crítica ideológica ao modernismo brasileiro. Uma hipótese artística que persegui foi a da continuidade e oposição entre o modernismo e o barroco”.
estandelau: Atributos do Figurante –criação de brasões e emblemas na parte externa de quatro casas populares no bairro Jardim Canadá. Os suportes foram colados, pintados ou pregados na parte externa das casas. Os moradores foram convidados a participar da construção das simbologias empregadas nos brasões, lemas e epigramas; todo material conceitual foi coletado a partir de conversas e entrevistas. Estandelau explica que “A abordagem desse trabalho se propôs ser um inventário de possibilidades de se pensar diferentes realidades apresentadas não como um término provisório de uma rede de elementos interconectados, mas como uma narrativa que prolonga e reinterpreta as narrativas anteriores”.
roberto freitas: Construção de dispositivos que serão distribuídos em diferentes locais do bairro (sempre em ambientes com pouca ou nenhuma luz) e posicionados de forma que, em alguma medida, se camuflem na paisagem. Acionados por movimento – se e somente se a pessoa estiver sozinha –eles produzirão um efeito de luz e/ou som. Roberto comenta que “Desenvolvi uma estratégia digital que reinserisse uma certa fantasmagoria local, uma ideia que fosse contra o progresso. Crendices, lendas, mau agouro, algo que fosse de encontro à lógica do consumo, do capitalismo. Para criar essa fantasmagoria local, me apropriei da lógica hacker, de inserir um assunto que depois viraliza. É um desejo de que este dispositivo se insira nestes discursos do cotidiano”.
raquel schembri: Partindo de registros fotográficos –realizados durante diversas caminhadas não roteirizadas pelo bairro – a artista produziu séries de desenhos e pinturas em papéis e telas. Teve como referência o trajeto Belo Horizonte- Jardim Canadá; a vegetação e a arquitetura local; fragmentos de formas de concreto (como passarelas e cercas) e suas sombras. Sobre a experiência da residência no Jardim Canadá e o impacto disso no seu trabalho, Raquel diz que “Quando a gente chega é tudo estranho. Eu achava a arquitetura feia, mas agora vejo coisas interessantíssimas. Permanece o estranho, mas agora há intimidade nessa estranheza. Aqui o tempo é outro”.
marina câmara e daniel toledo: A convite da dupla, cinco fotógrafos de Belo Horizonte – André Hallak, Warley Desali, Paula Huven, Luiza Palhares e Luiz Carlos Damião – realizaram um registro fotográfico de diferentes trabalhadores do Jardim Canadá. Nessa proposição, os pesquisadores e artistas selecionaram fotos para compor diferentes séries. Marina e Daniel explicam que “Nosso desejo foi encontrar essas ‘pessoas que exercem funções’. Há algo que se apaga para que a função se sobreponha, uniformes tendem a ofuscar as singularidades. Quisemos tratar disso a partir de suas imagens”