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Contra Escambos – Experiência Imaginativa nos Trópicos (2013)

Contra Escambos – Experiência Imaginativa nos Trópicos (2013)


Escambo: transação de bens e serviços entre duas ou mais partes.
Exposição em parceria com os artistas Maria Berrios + Sasha Huber + Runo Lagomarsino + Gilda Mantilla + Raimond Chaves + Pedro Neves Marques + Santiago Garcia Navarro + Leandro Nerefuh + Beto Shwatafy + Paulo Tavares. 


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A matriz colonial desse termo remete a uma história de trocas surreais – espelho por pau tinta, papagaio por ferro cortante, sino por farinha de mandioca, tecido por gente. O escambo –gesto inaugural das relações coloniais – implicou o enfrentamento de sistemas-mundo estranhos uns aos outros, mas que logo se reinventaram em paralelos, coincidências e misturas, estabelecendo assim uma economia de apropriação e violência que envolveu a todos: seja pedra seja planta seja bicho seja humano. Será que los españoles vencieran a los índios con ayuda de los signos? El problema del otro. Joguemos o jogo do artista como arqueólogo dos tempos.

A América há trinta mil anos atrás: todos os ameríndios compartilham de um velho fundo cultural comum, onde se radica o perspectivismo. Em seguida, é preciso recordar que o tecido sociocultural das Américas pré-colombianas era denso e contínuo: os povos indígenas estavam em interação constante, intensa e de longo alcance: ideias viajavam, objetos mudavam de mãos entre pontos muito distantes, as populações se deslocavam em todas as direções. Tempos depois, com os sucessos arqueológicos e etnológicos e a voga do primitivismo, da banana e da arte africana, no começo do século XX, era natural que a metáfora do canibalismo entrasse para a semântica dos vanguardistas europeus. Mas o “canibal” não passou de uma fantasia a mais DADA que procurava assustar as mentes burguesas da europa.
Já a ideologia antropofágica pindorama – a de consumir o consumo num counterstrike consumê – se desenvolveu bem no meio e às margens do salve-se-quem-puder modernoso, que causou uma tremenda ressaca internacional de arte moderna. Mesmo a negresse ou negromania das vanguardas europeias continuou relatada como sendo uma história alva. Se, assim como o ‘canibalismo’, o escambo serve de metáfora (do tipo histórico-antropológico-especulativa), Contra Escambos apresenta uma tentativa pequena de manipular as relações de poder simbólico das coisas e suas mutações de valor na troca, nesse século XX (bis) e XXI.

Contra Escambos é proposta como uma maneira gestual, simbólica, performática de lidar com narrativas culturais, vetores políticos e matrizes econômicas do nosso passado colonial-moderno, que ainda persistem e se manifestam no presente. Trabalhamos com a ideia de que modernismo e colonialismo sempre foram duas faces de uma mesma moeda de troca. Trabalhamos com a ideia de que enclaves de primitividade serviram como os melhores laboratórios de modernidade. Trabalhamos com a ideia de que certos objetos de troca – signos símbolos commodities – são carregados de um certo poder de colonialidade. A colonialidade do poder foi e continua sendo uma estratégia da modernidade, desde o momento da expansão da cristandade para além do Mediterrâneo hacia América-Ásia, que contribuiu para a auto-definição da Europa e foi parte indissociável do capitalismo, desde o século XVI. A história do capitalismo muitas vezes aparece como um fenômeno europeu e não planetário, do qual todo o mundo é partícipe, mas com distintas posições de poder. Um caso curioso: a Itália, quando colonizou a Somália, levou a banana para lá.

Um lugar que não tinha banana mas que passou a ter, por uma associação que os italianos faziam da fruta com aquele território. A colonialidade do poder é um eixo que organiza a diferença colonial e coloca a periferia como natureza e a natureza como periferia. E um outro eixo Amazônico-Andino tenta resistir ao aplastamiento total. Enquanto homens primitivos escreviam com seus pauzinhos na caverna, a deusa branca Umbelina Valeria reproduzia a selva em sua exuberância vulvânica. Quem, eu? Tem culpa eu?

Cada vez mais projetos de arte tratam de interferir e/ou processar os grandes fluxos econômicos e socioculturais que atravessam todas as esferas da sociedade. Investigamos a ideia de arte global. E como essa chamada arte global lida com realidades e materialidades locais frente a discursos globais. Nosso roteiro contra escambado cruza narrativas globalizantes e outras ações que ficam à margem disso, e encontra seu foco em histórias e rumores, legados coloniais e contra-ataques, e remediações do espaço urbano. A proposta de intercâmbio interregional Redes Funarte –da qual esse projeto recebeu um dinheirinho gubernamental – encontra seu paralelo num histórico de escambo, referente colonial de relações de troca de objetos entre povos – objetos esses que são sempre impregnados de um complexo significado cultural, social e econômico.

Configurado como uma mostra-encontro itinerante, Contra Escambos articula uma seleção de obras de arte, material de arquivo e pesquisas visuais como ponto de partida para o debate aberto e a realização de desdobramentos práticos em cada lugar que se apresenta. Por enquanto, Belo Horizonte e Recife. Assim esperamos traçar conexões entre determinados impasses locais e os temas abordados na mostra.



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