Para que o registro fotográfico de reconhecimento e análise do território da escola pudesse ser compartilhado com outros alunos que não participavam da Escola Portátil, uma exposição foi pensada e montada coletivamente.
A carteira escolar, elemento banal e cotidiano na escola, foi utilizada como módulo estrutural para a criação de um mobiliário que subvertia seu uso programado para abrigar a exposição. Sua estrutura de ferro foi desconectada do tampo, e, conforme as unidades eram empilhadas e conectadas por lacres plásticos, os tampos eram reposicionados e fixados de forma a criar superfícies expositivas. As fotos foram coladas nos tampos e canetões pretos foram disponibilizados para quem quisesse deixar comentários sobre os espaços da escola na própria superfície da carteira.
A reorganização das carteiras, cuja disposição linear e hierárquica na sala de aula é muitas vezes inquestionável, serviu como dispositivo para a negociação espacial por meio da construção coletiva de um objeto comum. Esta atividade fez também emergir saberes construtivos e individuais que não são valorizados no ensino convencional. Além disso, a possibilidade de escrever nas carteiras para se expressar, ação comumente censurada nas escolas, foi incentivada, de modo a conferir maior responsabilidade aos alunos sobre aquele objeto.