Uma vez realizados e apresentados os registros da esfera doméstica, a atividade seguinte teve como intenção iniciar uma transição gradativa para a esfera pública, através da investigação do espaço compartilhado da escola. Para isso, fornecemos camêras fotográficas descartáveis aos alunos, para que eles respondessem a três perguntas através de fotografias. A primeira delas pedia que os alunos identificassem espaços e objetos que eles gostariam de levar da escola atual caso fosse construída uma nova sede. O objetivo deste enunciado foi estimular um olhar positivo dos alunos sobre o espaço da escola, uma vez que as primeiras conversas haviam revelado uma perspectiva desgastada e pessimista em relação a ele. Pedimos também que os alunos documentassem formas de controle presentes na escola, de modo a desconstruir a naturalização dos dispositivos opressivos e disciplinadores que são replicados nos espaços escolares. As fotografias dessa etapa registraram desde os elementos construtivos mais evidentes que determinam limites, como muros e grades, até espaços e dispositivos que se propõem a controlar e disciplinar as ações dos alunos no espaço da escola, como câmeras de segurança e salas de diretoria e secretaria. A terceira e última pergunta se apresentava como um contraponto à segunda, e pedia aos alunos que fotografassem atividades e lugares secretos na escola que escapassem da esfera de controle da escola. Essa pergunta tinha como objetivo discutir as inteligências e conhecimentos que, embora ofuscados pela grade curricular disciplinar e pela estrutura hierárquica da escola, oferecem a possibilidade de subverter as regras normalizantes impostas aos alunos através da experiência coletiva do espaço.
